sexta-feira, 30 de novembro de 2007

A lágrima

O discípulo, flagrado em grave crise espiritual, tenta, do Mestre, esconder as lágrimas.
– Há coisas, Mestre, que nos fazem chorar de rir...

E todo se sacudia num pranto convulsivo, incontrolável, num inconvincente esgar de riso, tentando administrar, ao menos frente ao Mestre, o férreo orgulho.

Olhando-o firme, dentro dos olhos, o Mestre, sem esforço verte abundante lágrima, ausente dele, como é comum no Tibet, o mínimo crispar de um só músculo do rosto.
– Mestre, estás chorando?
– Estou, estou sim.
– Mas de quê, Mestre?
– De vosso riso tão extraordinariamente copioso...

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