domingo, 2 de março de 2008

Acabei de ler a resenha que a jornalista Rozine Aline, professora da UniCarioca, escreveu sobre A copista de Kafka (Editora Planeta), livro de Wilson Bueno que acaba de chegar às livrarias. Está publicada no caderno Prosa e Verso, na edição deste sábado, n'O Globo. O mínimo que a articulista diz é que "a narrativa de Bueno ilumina de forma envolvente a rotina que move o ser humano".

De elogios em elogios, a análise não deixa dúvida de que se trata de um grande lançamento literário na área da ficção: "A escrita elegante e cadente dá ritmo, sons, cores e odores que ultrapassam a página de papel e se inscrevem em nossa pele sorrateiramente". Se tivesse a mesma cotação dos filmes, no setor de cinema, o tradicional bonequinho estaria aplaudindo em pé.

Toninho Vaz, de Santa Teresa

Ver o flagrante
do ataque de um tigre

http://www.youtube.com/watch?v=1LjG7S8aqJg&feature=related
Hilda Hilst
Desvendar o site de Hilda Hilst

http://www.angelfire.com/ri/casadosol/hhilst.html
Greta Garbo
Ver Greta Garbo
em cenas raríssimas


http://www.youtube.com/watch?v=6q0P07Su4H0&feature=related

Alexandre Órion

Tsuneyo Toyonaga
Morreu, na semana, aos 113 anos, Tsuneyo Toyonaga, a mulher mais velha do Japão. A boa e vetusta nipônica, como era de se esperar em bem-aventuranças dessa ordem, nunca sofreu de nada e morreu, também como era de se esperar nesses casos, de falência múltipla dos órgãos, isto é, dormindo...

Impávida colosso, entretanto, a mulher mais velha do mundo, comprovado em cartório, continua sendo a muito nossa Silvina Rosa de Jesus. Nascida a 20 de junho de 1888, em Jacaraci, Bahia, vai fazer 120 anos (se fizer, claro...), quando o inverno chegar. E, sabemos, o inverno, logo, logo, há de bater à nossa porta. Em Curitiba, sabemos melhor, sempre antes do que a gente imagina... Pois D. Silvina, quem quiser lhe ver o rosto alegríssimo, escancarado numa gargalhada sem dentadura, sagrado despudor e doce descalabro, é só acessar o blog do poeta Fernando Karl (www.nautikkon.blogspot.com). Lá está D. Silvina, a ditar, alto e bom som (ouviu, Dante Mendonça?) o segredo de sua longevidade: cachaça, namoro e fumo de rolo. Pode?

Próximo ao túmulo do poeta-irmão, Paulo Leminski, no cemitério do Água Verde, morto infante, aos 44 anos, repousam, senhores, os restos mortais de minha avó paterna, Mariana Fonseca Bueno, falecida, pasmem!, aos 105 anos, em 1946. Até os cem, reza a crônica familiar, trançava rendas-de-bilro, os oclinhos de garrafa sobre o nariz aquilino.

Vejo-a aqui, no retrato antigo: severa e moça, o suave buço, ao lado do filho caçula, meu avô Emídio, então um lépido rapaz, mais sério que a mãe na foto de 1923. Ô vida! Ô Tempo que anda e anda, congelando, lá atrás, pássaro e vento, olhos e sorrisos.

O avô só não foi aos cem porque, pedestre renitente, uma kombi na contra-mão o matou aos 74 . Mas acabara de construir, sozinho, no Uberaba, uma casa de doze peças. Vera força da natureza!

Pelo visto, vão ter que me aturar por mais bom tempo, a chamar a atenção para céus e telhados, pinheiros e precipícios. Quase sexagenário, a passear visíveis 37 (hehehe), sem a notória porralouquice que foi a maior marca de meus trint’anos em Curitiba (né mesmo, Almir Feijó?), pode que incomode por mais meio século. Ai das hienas papudas ou dos críticos tortuosos, senhores das histórias e das “desestórias” das desinteligências!

Gosto mesmo é do Oscar Niemeyer, 100, a dizer sonoros palavrões quando algo vai mal no escritório e das pernas da Derci Gonçalves, 103, nas entrevistas ao Jô Soares.

E por falar em cousas lindas, muito mais que findas, cadê o sempre álbum de família de Iara Teixeira, no blog do Solda? Deliciavam-me aquelas gentes, em sépia, à volta do pai do Nireu Teixeira, a agitarem os palcos dos “theatros” curitibanos d’antanho.

Noites de espetáculo que, feéricas, existiram um dia, embora a distância, e a melodia da distância no tempo, feito uma brisa nas dobras da História. Que o digam D. Silvina, 119, suas cachaças, seus namoros, seus fumos-de-rolo.


Wilson Bueno (02/03/2008), em O Estado do Paraná