segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Do “Cahier d’écrivain”

(...) “E os brejos compridos desenrolados em dobras de terreno montanho – veredas de atoleiro terrível, com de lado e lado o enfile dos buritis, que nem plantados drede por maior mão: por entre o voar de araras e papagaios, e no meio do gemer das rolas e do assovio limpo e carinhoso dos sofrês, cada palmeira semelhando um bem-querer, coroada verde que mais verde em todo o verde, abrindo as palmas numa ligeireza, como sóis verdes ou estrelas, de repente. E, ele assim, ali, a saudade não tinha presa, que ela é outro nome da água da distância --- se voava embora que nem pássaro alvo acenando asas por cima de uma lagoa secável”.

Guimarães Rosa